quarta-feira, dezembro 16, 2009

Gratuidade da UPE e as contrapartidas ideais

Preliminarmente deve-se enaltecer a decisão do Governador Eduardo Campos em tornar gratuito o ensino da Universidade de Pernambuco, fato este que concatena o Estado com a política educacional dos demais entes federativos, cuja gratuidade já se observa há bastante tempo. Foi sem dúvida uma decisão corajosa e mostra o comprometimento da atual gestão com a educação superior em Pernambuco.

Porém faz-se premente uma reflexão acerca do modus operandi do sistema educacional brasileiro no que tange as contrapartidas dos estudantes que sem ônus conseguem se formar em equipamentos públicos muitas vezes de excelência, como ocorre em diversos cursos da Universidade Federal de Pernambuco.

A sociedade acadêmica detém extrema importância para o desenvolvimento do país, tanto nas ciências humanas, quanto nas ciências da natureza, fazendo com que muitas universidades brasileiras sejam referência em determinados campos de pesquisas, adquirindo respeito internacional e auxiliando o crescimento da nação.

É importante olvidar que, existe o outro lado da moeda, onde profissionais são, muitas vezes, formados nas melhores universidades públicas, com acesso a acervos bibliográficos extremamente ricos, com professores gabaritados e sua contrapartida para a sociedade é ínfima, quando existe. Errôneo é acreditar que a mera elaboração de papers, teses e TCC´s são formas objetivas de contribuição para a sociedade, têm sua importância, mas estão longe de serem as contrapartidas ideais.

A gratuidade é necessária, mas deveria vir amarrada com a prestação também gratuita, durante um período determinado, dos serviços ao qual o estudante sem ônus se habilitou, assim sendo, um professor formado por uma universidade pública, deveria, após formado, prover por um tempo determinado aulas gratuitas em escolas públicas como contrapartida social, um advogado, deveria exercer sua profissão durante um certo tempo gratuitamente nas sucateadas defensorias públicas espalhadas pelo país, um médico, o mesmo faria em um hospital público, e assim consequentemente ocorreria em todas as profissões cujo serviço é necessário à sociedade.

Não se está falando aqui, de estágios obrigatórios, o que pela própria concepção do nome, é necessário para a habilitação na profissão.

A discussão se baseia em todos os que, de maneira gratuita conseguissem se formar deveriam dar sua contrapartida para o desenvolvimento do país e do seu povo, fazendo valer os impostos que a sociedade investiu em sua formação, seria muito mais justo para com a sociedade e muito menos constrangedor para quem apenas se beneficia da gratuidade da educação superior como acontece hodiernamente.

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